Na minha própria janela, de onde observo o Cacupé na Ilha de Santa Catarina há quase três décadas, janela que acompanhou todo o desenvolvimento de minha paixão pela observação e fotografia de aves nos últimos 18 anos, aconteceu algo inusitado.
Depois que passei a fazer saídas de campo exclusivamente para fotografar e observar aves dificilmente eu vejo ou fotografo um lifer aqui na Ilha, mais fácil eu ainda não ter uma boa foto da espécie, mas ela já ser uma velha conhecida de observações anteriores. Algumas espécies são difíceis de clicar, por muito tempo só tive registros fotográficos de saracuras de costas, fugindo...
Estava dia desses trabalhando no meu escritório no sótão com a janela grande aberta como sempre defronte a copa da capororoca do quintal e outras árvores. De repente uma pequena algazarra de pássaros parecendo saíras me levou a pegar a máquina para conferir o movimento lá fora. primeiro vi o gato do vizinho babando pelo movimento de passarinhos. Antes de olhar pela teleobjetiva reparei em um pássaro diferente dos que sempre vejo aqui na área entre os saís e mariquitas.
Para minha surpresa um Lifer! Nos dois sentidos no sentido original - a primeira vez que via a espécie na vida - assim como no sentido que é dado hoje - a primeira foto que faço de uma espécie. Me apoiei no parapeito da janela e como faço nessas ocasiões primeiro eu clico para fazer um registro do jeito for e depois, mais calmamente, vou aperfeiçoando a regulagem da máquina para aquela condição de luz, aperfeiçoando o quadro etc...
Consegui uma sequência onde registrei apenas um indivíduo jovem como vi depois ao identificá-la nos guias e livros que consultei. As fotos dessa postagem foram quase as únicas que consegui, devo ter perdido umas duas inaproveitáveis. Haviam mais alguns indivíduos que ouvi ou percebi o vulto entre as folhagens ou fora do foco, notei pelas cores que eram da mesma espécie do jovem fotografado: Hemithraupis ruficapila, Saíra ferrugem ou ainda Cabecinha-enferrujada. E logo o bando foi embora.
Na mesma semana a Ornitóloga Lenir Alda do rosário me contactou para divulgar a nova versão do seu: http://avesdesantacatarina.com.br/especies/528 , entrei em contacto com ela e aproveitei para compartilhar o Cabecinha-enferrujada como está registrado na lista do Aves de Santa Catarina. Mais uma surpresa, a Lenir me disse que não havia registro da espécie na Ilha somente no continente, o mais próximo em Rachadel no vale do Biguaçú os outro seis registros todos ao norte de Balneário Camboriú.
Outra surpresa, meu Lifer também era o primeiro registro na Ilha a ser documentado na lista do Aves de Santa Catarina, o trabalho de identificação e registro de maior importância no estado. Então a Lenir me pediu a data e hora certa do avistamento para publicar Hemithraupis ruficapila como oitavo registro no mapa do site.
O passarazzi, meu projeto pessoal de registro de aves, fica orgulhoso de poder ajudar a documentar e feliz por perceber que a avifauna pode ter algo positivo, como novos avistamentos registrados, além das listas de extinção.
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